- Vamos conhecer um pouco do contexto histórico dessa época que se inicia no final da Idade Média e início da Moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI.
Como surgiu o Humanismo?
Segundo Massaud, o Humanismo iniciou-se em 1418/1434, época que Fernão Lopes foi nomeado Guarda-Mor da Torre (local onde se guardavam os documentos oficiais) e término em 1527, quando Francisco de Sá de Miranda inicia o Renascimento em Portugal.
O Humanismo foi um movimento filosófico surgido dentro das transformações culturais, políticas, sociais, religiosas e econômicas, em que o homem é considerado como o centro do universo. Enquanto no Trovadorismo Deus era o centro de tudo (teocentrismo), no Humanismo o homem passa a ser o centro de interesse da cultura (antropocentrismo).Ou seja, o Homem era capaz de refletir e discernir seus caminhos, cultivar terras, possuir comércios e criar suas próprias políticas de convívio.
O Humanismo marca um período cheio de transformações e descobertas. Nesse momento, temos os surgimentos de novas atividades econômicas que aos poucos foram sendo responsáveis pela crise do sistema feudal, dando inicio à novas atividades. É o chamado "Mercantilismo". A economia de subsistência vai sendo substituída pelas primeiras atividades comerciais. É o período que surge as cidades (Burgos) e com ela uma nova classe social, a Burguesia.
Manifestações
As manifestações da época foram
O Teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.
Algumas obras de Gil Vicente:
Copiladas em 1562 por seu filho Luis Vicente:
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
Algumas características do teatro Vicentino:
"Segundo António José Saraiva, o enorme sucesso das obras dramáticas de Gil Vicente vem da sua extraordinária vivacidade mimética e do talento para criar aquilo que é especificamente dramático: situações e personagens. Duas grandes forças atuam no teatro vicentino: a paródia (nem sempre satírica), para fazer rir, de vários tipos sociais, em geral estereotipados; e a preocupação didático-religiosa, que se destina a transmitir a doutrina da Igreja Católica, especialmente o mistério da Encarnação e a luta entre o Bem e o Mal. Esses personagens e essas forças estão unidos no Auto da Barca do Inferno." (Pedagogia&Comunicação,pg 3)
Vejam um vídeo experimental sobre a obra de Gil Vicente
Entre as principais ideias humanistas estavam:
MOISES, Massaud. A literatura portuguesa, 37ed. CULTRIX. São Paulo.
http://www.algosobre.com.br/literatura/humanismo.html
Manifestações
As manifestações da época foram
- Historiografia;
- Poesia palaciana
- Teatro de Gil Vicente;
O Teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.
Algumas obras de Gil Vicente:
Copiladas em 1562 por seu filho Luis Vicente:
- Autos pastoris: Auto pastoril português e auto pastoril da serra da estrela;
- Autos de moralidade: Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório e Auto da Barca da Glória, Auto da Lusitânia;
- Farça de Inês Pereira, O velho da horta, Quem tem farelos.
http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/
Algumas características do teatro Vicentino:
"Segundo António José Saraiva, o enorme sucesso das obras dramáticas de Gil Vicente vem da sua extraordinária vivacidade mimética e do talento para criar aquilo que é especificamente dramático: situações e personagens. Duas grandes forças atuam no teatro vicentino: a paródia (nem sempre satírica), para fazer rir, de vários tipos sociais, em geral estereotipados; e a preocupação didático-religiosa, que se destina a transmitir a doutrina da Igreja Católica, especialmente o mistério da Encarnação e a luta entre o Bem e o Mal. Esses personagens e essas forças estão unidos no Auto da Barca do Inferno." (Pedagogia&Comunicação,pg 3)
Vejam exemplos nas charges abaixo:
Vejam um vídeo experimental sobre a obra de Gil Vicente
Entre as principais ideias humanistas estavam:
- retomada da cultura antiga, através do estudo e imitação dos poetas e filósofos greco-latinos;
- revalorização da filosofia de Platão, especialmente no que diz respeito à distinção entre o amor espiritual e o carnal - neoplatonismo;
- crítica à hierarquia medieval, o homem reivindicando para si uma posição de destaque no Universo - não aceitação passiva das imposições místicas difundidas na ideia de destino;
- bifrontismo, coexistência de características medievais (feudalismo, teocentrismo) e renascentistas (mercantilismo, antropocentrismo, pragmatismo burguês).
O Humanismo abrange praticamente todas as artes como por exemplo a pintura, a arquitetura, a escultura, a música e a literatura.
http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com.br/2013/01/humanismo-questoes-vestibular.html
Poesia Palaciana
À poesia do período humanista compreende a
chamada poesia palaciana, documentada através de uma coletânea feita por Garcia
de Resende e publicada em 1516 com o nome Cancioneiro Geral. A leitura dessa
coletânea mergulha-nos em plena vida palaciana. A corte ainda concentrada em
torno do rei buscava novas formas de diversão e passatempos. A maioria das
composições do Cancioneiro Geral destinava-se aos serões do paço, onde se
recitava, disputavam concursos poéticos, ouviam música, galanteavam, jogavam,
realizavam pequenos espetáculos de alegorias ou paródias. Tudo isso feito pelos
nobres, tendia a apurar-se, os vestuários, os gestos, os penteados e a
linguagem mantendo forte influência da corte.
Nessa
época a poesia, enfim, pode ter sua autonomia e separar-se da música, ou seja,
até então todas as poesias eram feitas para serem musicadas, e a partir desse
momento, as poesias puderam ser apenas declamadas, sem acompanhamento usando
apenas a voz do poeta.
Carlos Emílio Faraco, Francisco Marto Moura, Língua e Literatura , Editora Ática Vol.1 6. Ed., 1983
Subgêneros líricos presentes no Cancioneiro Geral
Cantiga: preferentemente reservada para temas amorosos, é composta por um mote de 4 ou 5 versos e por uma única volta de 8 a 10 versos. Termina frequentemente a glosa com a última palavra do mote
Vilancete: formado por um mote de 2 ou 3 versos e uma glosa ou volta que pode ter uma ou várias coplas de 7 versos. A primeira quadra forma a cabeça da estrofe, sendo os três últimos versos a cauda. O primeiro verso rima com o último da cabeça e os dois últimos com os dois versos finais do mote.
Esparsa: é constituída por uma trova em verso de arte menor, que pode contar de 8 a 16 versos, sendo destinada a cantar assuntos tristes. Não estava obrigada a mote. É de origem provençal.
Trovas: composições de forma livre, constituídas por um número variável de coplas. As oitavas são geralmente duas quadras, por vezes independentes pela rima. Por vezes formam longos poemas narrativos. Outras vezes são perfias, que derivam do gênero trovadoresco tenção.
CANTIGA SUA PARTINDO-SE
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes, os tristes,
tão fora de esperar bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco, Cancioneiro Geral
Século XV
- No poema acima, nota-se presença de rima na maior parte dos versos.
- Não há refrão mas o poema acima trabalha com a métrica e o ritmo dando mais beleza à poesia.
- Há ainda, aliteração dos fonemas /t/ e /d/ e presença de antítese (morte/ vida). Esses recursos deixam a língua ainda mais rica.
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Postado por Rebeca Bastos